Excesso de videogames eleva isolamento e agressividade das crianças?
Crianças que jogam
até 16 horas de videogames por dia podem estar viciadas e desenvolver
comportamento mais agressivo, intolerante e de isolamento da sociedade, segundo
aponta um estudo da Associação Britânica de Gerenciamento da Raiva (BAAM, na
sigla em inglês).
Em uma pesquisa que ouviu 204 famílias da
Grã-Bretanha, a entidade ressalta os riscos do excesso da atividade e a
necessidade de que os pais estabeleçam limites na relação que as crianças
desenvolvem com os jogos eletrônicos.
Os pais de crianças entre 9 e 18 anos
acreditam que o videogame influencie o convívio familiar e as habilidades
sociais de seus filhos. A pesquisa apurou que 46% dos pais acham que o excesso
dos jogos leva a menos cooperação em casa.
"A situação mais típica que encontramos
é da criança que se torna irritada e agressiva quando solicitada a arrumar o
quarto, fazer os deveres de casa ou jantar, quando o que ela realmente quer é
continuar jogando videogame", disse à BBC Brasil Mike Fisher, diretor da
BAAM.
Na escola, professores se queixam de alunos
com falta de concentração, sonolência, irritabilidade e dificuldades de
interagir com os colegas.
Mas esses são apenas alguns dos efeitos que a
obsessão pelos jogos pode causar, explica Fisher.
Estudos e exemplos práticos mostram que a continuidade
do isolamento social pode levar a casos extremos como o dos dois adolescentes
que mataram 12 colegas e um professor em Columbine, nos Estados Unidos, em
1999, e do norueguês Anders Breivik, que em julho do ano passado matou 69
pessoas em um ataque a uma colônia de férias.
Nos dois casos emblemáticos os assassinos
passavam mais de dez horas por dia jogando videogames violentos.
"Breivik admitiu jogar ‘Call of Duty’,
um game de violência, por mais de 16 horas por dia, com o objetivo de treinar a
coordenação necessária para atirar com eficiência", diz Fisher.
Jefferson Puff
Da BBC Brasil, em São Paulo
Fuga da realidade
Embora o início do interesse pelo videogame
esteja relacionado a uma diversão saudável - estágio no qual muitas crianças e
adolescentes permanecem e que não tem grandes efeitos nocivos - o aumento do
número de horas em frente da tela e o distanciamento do convívio social está
ligado a uma fuga de questões emocionais.
"Atualmente as famílias e a escola não
estão preparadas para lidar com a crescente frustração e outras dificuldades
enfrentadas pelas crianças. Muitos encontram nos videogames uma realidade
virtual para fugir de suas próprias emoções", diz Fisher.
Na visão da BAAM, que oferece tratamento e
sessões de terapia a jovens entre 13 e 17 anos, em casos extremos a capacidade
de empatia e cooperação com outros seres humanos chega a ser praticamente
anulada.
Os resultados mostram que 67% das crianças
jogam sozinhas, 38% com amigos e 54% em plataformas online.
Muitos adolescentes não conseguem mais se
identificar com sentimentos de compaixão, solidariedade e outros aspectos de
convivência em grupo, e alguns chegam a replicar as cenas de violência dos
jogos na realidade, quando confrontados com desafios, ordens, pedidos ou
situações em que ficam irritados com irmãos, amigos ou colegas de classe.
Limites
Os resultados da pesquisa britânica reforçam
tais padrões psicológicos e alertam para a necessidade de os pais identificarem
e tomarem atitudes.
Para Mike Fischer, as famílias precisam deixar
claro às crianças e adolescentes que o desrespeito às regras da casa e o número
excessivo de horas em frente à tela do videogame serão punidos.
"Achei que teríamos resultados ainda
mais negativos, mas de qualquer forma são números preocupantes. Os pais
precisam determinar a quantidade de horas que as crianças jogam. Muitos pais
querem paz e tranquilidade, e assim a criança aprende que ao ficar irritada
conseguirá o que quer", diz o diretor da BAAM, acrescentando que a
entidade treina os pais a estabelecerem limites.
Riscos e excessos
Tempo gasto jogando
videogames:
1-5 horas 17%
6-10 horas 25%
11-15 horas 18%
16 horas ou mais 28%
Meu filho não joga 3%
Sem resposta 5%
Alterações de
comportamento:
Menos cooperação familiar 46%
Raiva e intolerância com os outros 44%
Menos interação social 42%
Menos interesse em exercícios físicos 41%
Mais impaciente 40%
Mais frustrado 38%
Comportamento mais agressivo 35%
Alterações de humor mais frequentes 29%
Mais isolado 25%
Maior concentração 21%
Com quem seu filho
joga?
Sozinho 67%
Com amigos 38%
Em plataformas online 54%
Não sei 1%
Fonte:
Associação Britânica de Gerenciamento da Reiva (BAAM)
Notícia publicada na BBC Brasil, em
6 de junho de 2012.
Claudio Conti*
comenta
O Príncipe Sidarta Gautama, que viveu há
cerca de 500 AC, entre a Índia e o Nepal, diante do sofrimento humano, se
perguntou qual seria a finalidade da vida. Não satisfeito apenas com a
indagação, devotou sua vida à busca do conhecimento, abandonando todas as
regalias do palácio em que vivia.
Em sua busca, vivenciou diferente
experiências, até que, não encontrando respostas satisfatórias, sentou para
meditar. Durante sua meditação, ele encontrou o que procurava, se tornando,
naquele momento, o Primeiro Buda.
Entre as respostas que encontrou e
disseminou, podemos ressaltar, para o caso desta notícia em particular, O
Caminho do Meio.
Este ensinamento consiste em evitar os
excessos, seja em uma direção ou em outra, isto é, em outras palavras, não
pecar por muito nem por pouco.
O que observamos na sociedade atual é o
exagero tanto no muito quanto no pouco. Ou se trabalha demais, pensando em
amealhar o máximo de dinheiro possível, ou se busca o ócio, acreditando que o
que será pago não compensa o trabalho. Ambos os casos são nocivos.
Aquele que trabalha além do aceitável consome
tempo precioso que poderia compartilhar com os familiares, mais precisamente
com os filhos. Em contrapartida, o que busca o ócio é um péssimo exemplo para
os seus.
Todo exagero, seja ele qual for, conduz a
desarmonias para o espírito e, eventualmente, a vida fará a cobrança, muitas
vezes na forma de enfermidades.
O convívio familiar é de fundamental
importância para que as crianças se desenvolvam adequadamente e a educação e
imposição de limites é crucial para o indivíduo aprender a viver em comunidade
e, principalmente, consigo mesmo, aceitando suas limitações e trabalhando para
superá-las harmoniosamente.
Em outro comentário anterior foi apresentado
o conceito de “ego forte” e “ego fraco”, do médico Murray Stain, em seu livro O
Mapa da Alma, baseado na abordagem de Carl G. Jung, sobre a
estrutura da psique, em referência ao livro AION - Estudo Sobre o Simbolismo do
Si-Mesmo.
Ego forte seria uma estrutura mental
adequadamente "exercitada" para responder adequadamente para os
eventos da vida. Este "exercício mental", segundo ele, é realizado no
confronto com as contrariedades, por isso, todos devem vivenciar adversidades
e, quando isto ocorre de forma controlada, com o apoio dos responsáveis pela
sua educação, o indivíduo estará em condições de enfrentar e responder
adequadamente às contrariedades.
Este conceito estaria em perfeito acordo com
o artigo em análise, ao abordar a necessidade de impor limites.
Vemos, portanto, que um ensinamento básico (o
caminho do meio), que está entre nós há cerca de 2500 anos, ainda não foi
devidamente compreendido e continuamos com as dificuldades decorrentes.
* Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em
Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de
Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor
em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e
Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium
pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com.
Fonte: http://www.espiritismo.net/content,0,0,2585,0,0.html
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