O Educador!
A capacitação permanente é um dos
requisitos fundamentais para que um evangelizador espírita consiga
desincumbir-se a contento da sublime tarefa que abraçou. Capacitação aqui
significa desenvolver e aperfeiçoar capacidades,
desenvolver as que se encontram latentes e aperfeiçoar as que já estejam
afloradas.
Capacitemo-nos quando estudamos com
regularidade, continuidade e recolhimento o Espiritismo, conforme a proposta do
Codificador, na introdução ao estudo da Doutrina Espírita, de O Livro dos
Espíritos. Igualmente, quando participamos de encontros que
ensejam reflexões e estímulos para mudanças, ouvimos os evangelizadores mais
experientes e nós abrimos para aprender com os mais novos. Outro aspecto dessa
capacitação, que é primordial, e sem o qual o anterior ficará comprometido, é a
própria transformação moral do evangelizador, pois serão seus exemplos, mais do
que suas palavras e práticas pedagógicas, que irão sensibilizar os
evangelizandos.
A expressão evangelizadora espírita é
proposital e serve para distinguir quem evangeliza à luz do Espiritismo
daqueles que evangelizam à luz de outra denominação religiosa que se apoie ou
diga se apoiar no Cristianismo. Não se trata de um preciosismo, mas de uma
distinção definidora de postura.
Significa ler e interpretar o Evangelho
pela ótica da Doutrina Espírita, isto é, com racionalidade, lógica, retirando o
espírito da letra, com respeito à diversidade cultural, étnica, econômica,
social, religiosa, sexual, por meio de práticas libertadoras onde o Espírito
reencarnado seja convidado a ampliar seu campo de consciência, se conhecendo e
se solidarizando com as necessidades do seu próximo.
Outra distinção relevante é aquela que nos
conduz a pensar que evangelizar com o Espiritismo é
diferente de evangelizar para o Espiritismo.
Quando evangelizamos com o Espiritismo
estamos baseando nosso planejamento e tudo o que ele comporta (conteúdos,
concepção de ensino e de aprendizagem, critérios de avaliação, metodologia,
fins, objetivos, recursos e seus respectivos pais etc.) na visão do mundo, do
ser humano e da evolução que o Espiritismo engloba. Nesse caso, a proposta
educativa espírita define os nossos objetivos e se constitui no eixo, no norte
mesmo de tudo que venhamos a incluir ou excluir em nossa prática
evangelizadora.
É próprio dessa perspectiva, trabalharmos
visando a formação do homem de bem, do cidadão consciente, com visão crítica,
política, cultural, mas com tudo isso alicerçado e permeado pelo Evangelho
segundo a interpretação espírita. Nessa ótica, não se deve perder de vista que
a família e a escola são agentes que se associam ao nosso trabalho, ora
convergindo ora divergindo, mas atuando decisivamente na formação daqueles que
estamos evangelizando.
Quando pensamos em evangelizar para o
Espiritismo, definimos uma visão e uma postura estreita, onde os objetivos
podem se restringir a formar futuros trabalhadores para as casas
espíritas, pessoas que pensem na Doutrina como um fim e não como um meio de
aperfeiçoamento intra e interpessoal.
Interessante também pensar que nem todo
educador é um evangelizador, mas todo bom evangelizador espírita há de ser um
genuíno e verdadeiro educador.
Allan Kardec aponta em nota da questão 917
de O Livro dos Espíritos, três importantes e
acessíveis requisitos que todo evangelizador pode e deve adquirir. Diz o
Codificador que a educação é a chave do progresso moral, é uma arte que nos
permite manejar os caracteres ou características dos educandos e que é preciso
para entendê-la, assim como entendemos e manejamos as inteligências, da
presença de tato, muita experiência e profunda observação.
Para isso é importante que o evangelizador
queira evangelizar evangelizando-se, que se identifique com esse tipo de
tarefa, goste de estudar, tenha curiosidade em aprender e tenha também uma
razoável autoestima, de modo que consiga convencer (esclarecer) e converter
(tocar o coração) dos seus evangelizandos.
A presença de uma boa autoestima
facilitará o trabalho de conduzir os evangelizandos a uma autoaceitação do que
são e como são, instrumentalizando-os com coragem e conhecimentos para as
transformações necessárias que vieram fazer.
Parafraseando Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, quando
escreve sobre Os bons espíritas, no
capítulo XVII, item 4, diremos que se
reconhece o verdadeiro evangelizador por sua vontade em manter-se
permanentemente atualizado e pelos esforços constantes que emprega em aplicar a
si o que ensina aos seus evangelizandos.
Fonte: http://www.mundoespirita.com.br
Por: Laura Lins
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