6 sinais de comportamento suicida
A
taxa de suicídio de adolescentes com
idades entre 10 e 14 anos aumentou 40% nos últimos 10 anos e 33% entre aqueles
com idades entre 15 e 19 anos, segundo o Mapa da Violência 2014. Todo dia, 28
brasileiros se suicidam e, para cada morte, há entre 10 e 20 tentativas.
Médicos alertam que é um problema de saúde que não recebe tanta atenção por
causa do tabu social. Para ajudar a combater essa epidemia silenciosa, GALILEU
conversou com uma série de psiquiatras e psicólogos sobre o problema e elaborou
uma lista de seis alertas sobre o comportamento suicida.
1 – Frases de alarme
Existe um mito
de que pessoas que falam em suicídio só o fazem para chamar a atenção e não
pretendem, de fato, terminar com suas vidas. “Isso não é verdade, falar sobre
isso pode ser um pedido de ajuda”, afirma Mônica Kother Macedo, psicanalista
especializada em suicídio e professora da PUCRS. Adriana Rizzo, engenheira
agrônoma voluntária da ONG Centro de Valorização da Vida (CVV) há 16 anos, já
atendeu milhares de ligações de pessoas que pensavam em suicídio. Algumas das
frases mais comuns ouvidas por ela foram “não aguento mais”, “eu queria sumir”
e “eu quero morrer”. Então, se você ouvir um parente ou amigo falando algo do
tipo, preste atenção.
2 – Mudanças inesperadas
Todo mundo
passa por mudanças na vida, faz parte do pacote. Mas algumas mudanças podem ser
traumáticas quando não estamos preparados para elas. Uma pessoa fragilizada por
uma depressão ou outro problema psíquico dificilmente terá condições de encarar
uma mudança inesperada, como perder um emprego que considerava muito
importante. “Alguém tinha um hobby e abandona tudo, era super vaidoso e fica
desinteressado. A mudança de comportamento é o momento em que a gente se
aproxima da pessoa para saber o que está acontecendo, porque quem sabe
dividindo ela vai entender que é só uma fase”, diz Macedo.
3 – Depressão e drogas
As
estatísticas alertam: para cada suicídio, há entre 10 e 20 tentativas, ou seja,
quem tentou suicídio está muito mais vulnerável. “Uma tentativa de suicídio é o
maior preditor de nova tentativa e de suicídio”, diz o psiquiatra Humberto
Correa da Silva Filho, vice-presidente da Comissão de Estudos e Prevenção de
Suicídio.
Segundo
alerta: quase 100% das pessoas que se suicidaram enfrentavam algum problema
mental - a maioria depressão. Quem está sofrendo depressão ou outro transtorno
devem receber maior atenção. E, se a pessoa consome álcool ou outras drogas,
atenção redobrada. “O maior coeficiente de suicídio se dá por transtorno
de humor associado ao uso de substâncias psicoativas, mais da metade dos casos
de suicídio. Depressão e consumo de álcool e drogas é responsável pelo maior número
de mortes no mundo inteiro”, afirma o psiquiatra Jair Segal.
4 – Pode não ser só
aborrescência
As taxas de
suicídio dos jovens brasileiros aumentou mais de 30% nos últimos 10 anos, como
explica nosso dossiê da edição de outubro. Mas, muitas vezes o comportamento
errático atribuído como típico do adolescente pode ser um sinal de intenção de
suicídio. “Existe uma falsa ideia de que a depressão atinge mais pessoas
adultas. O adolescente apresenta outros sintomas, ele vai se trancar no quarto,
não vai falar com ninguém, e isso vai ser entendido como fenômeno da
adolescência normal, já que ele não consegue expressar seu sofrimento de uma
forma clara”, explica Segal.
5 – Preto no branco
Somente 15%
dos gravemente deprimidos vão se suicidar, mas a depressão severa continua
sendo a maior causa do suicídio. Por isso, é preciso ficar atento quando a
pessoa demonstra zero interesse na vida ou nos outros. “Para o deprimido, o
mundo deixa de ser colorido, é preto e branco. Ele tem baixa autoestima,
desinteresse por todos e fica muito voltado para ele mesmo”, explica o
psiquiatra Aloysio Augusto d’Abreu. Quando em depressão severa, a pessoa se isola
dos outros e não vê motivos para continuar viva. É um alerta de urgência.
6 – Bom demais para ser
verdade
Um caso que
marcou o psiquiatra d’Abreu foi o de um paciente muito deprimido que simulou
uma melhora para passar o final de semana em casa e, lá, usar uma espingarda
para se matar. A simulação de melhora é comum em diversos casos de suicídio,
então, se uma pessoa que normalmente é deprimida parecer subitamente alegre, é
importante acompanhá-la para garantir que ela não tentará o suicídio.
O que você pode fazer?
Segundo o
psiquiatra da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio Carlos Felipe Almeida
D’Oliveira, o ideal é conversar com a pessoa e não deixá-la sozinha. Ao
conversar, procure não falar muito e ouvir mais, já que muitas vezes a pessoa
só precisa ser ouvida. “Se possível, acompanhe-a a um profissional de saúde e
peça orientação”, diz. Outra medida é retirar acesso de ferramentas
potencialmente destrutivas dentro de casa - como arma, remédios e substâncias
tóxicas - para evitar o uso delas em um impulso.
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/
Por: Matheus Henrique
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