O Espiritismo leva a pessoa a ser otimista?
Para responder, analisemos o significado do termo
otimismo, segundo o dicionário Caldas Aulette: “sistema que admite que o estado
do mundo é o melhor possível ou que Deus faz as coisas para melhor e segundo
sua infinita sabedoria. Por extensão: Tendência dos que vêem o bem em tudo;
opinião dos que se consideram satisfeitos com o atual estado de coisas”.
O Espiritismo nos mostra que a Terra é um mundo de expiações
e provas, habitado por Espíritos, em processo evolutivo, tentando, através de
inúmeras reencarnações, desenvolver suas faculdades intelectuais e morais que
os levarão à perfeição e felicidade.
Ora, se a humanidade da Terra, constituída de encarnados e
desencarnados, é ainda, bastante imperfeita, tendo cultivado, no desenvolver da
inteligência, orgulho, egoísmo e seus derivados, dedicando pouco esforço ou
interesse no desenvolvimento das qualidades morais, fica claro que o estado
atual do mundo é o que seus habitantes fizeram, sendo, portanto, sua
responsabilidade e adequado às suas necessidades atuais, em função da lei
natural de causa e efeito, de ação e reação.
Raciocinemos em tese, visto que inúmeros Espíritos que
viveram na Terra, já a deixaram para viverem em mundos melhores, por não
precisarem mais das experiências de um mundo de expiações e provas. “Há muitas
moradas na casa de meu Pai”, disse Jesus.
Nós, que aqui estamos, temos realmente no estado atual da
Terra, as condições e as oportunidades necessárias ao nosso desenvolvimento e
ao desenvolvimento da humanidade.
Não se trata então, de admitir o estado atual do mundo como
sendo o melhor, mas como sendo o resultado das nossas ações, desde quando
surgimos na Terra, herança de nós mesmos. Este estado é o que temos e merecemos
para, no esforço de melhorá-lo, melhorando-nos.
Estamos na Terra, na época, no local, na convivência certos,
segundo a lei de causa e efeito. Ao invés de lamentar, exprobar, reclamar,
busquemos compreender o estado atual das coisas como fruto da própria
humanidade. E como dela fazemos parte, analisemo-la com otimismo, porque tudo
na criação tende ao aperfeiçoamento e busquemos, fazendo bem nossos deveres no
dia-a-dia, torná-la melhor.
Diz-nos o Espiritismo que existe a “inteligência suprema,
causa primária de todas as coisas” a que chamamos Deus. Não temos capacidade
intelectual e moral para conhecermos sua natureza, conceituá-Lo ou definí-Lo.
Mas, pela explicação acima, dada pelos Espíritos a Allan Kardec, podemos
percebê-Lo no Universo em expansão, na natureza, em nós, bem como no axioma
“Não há efeito sem causa” e se o efeito é inteligente a causa também o é.
Se aceitamos a existência de Deus, como sendo o Absoluto, a
perfeição suprema da inteligência e do amor, só podemos considerar suas leis
perfeitas.
Aceitando também, que somos seres espirituais criados simples
e ignorantes, com potencialidades das qualificações divinas a serem
desenvolvidas por nós, num tempo determinado pela nossa vontade no uso do
livre-arbítrio, com a conseqüência de colhermos exatamente o que semearmos e
com o determinismo de atingirmos a perfeição e a felicidade, somente podemos
concluir “que Deus faz as coisas para o melhor e segundo sua infinita
sabedoria”.
Assim, apesar do mal que ainda existe nos homens e no mundo,
acreditamos que o bem é a lei maior, que prevalecerá um dia na Terra.
Esta certeza nos estimula a termos uma posição otimista do
presente, que nos levará, através do estudo, do trabalho, das dificuldades, das
dores, alegrias, dos sofrimentos, fracassos e sucessos, a um futuro mais justo,
mais harmonioso, primeiro individualmente até alcançar a humanidade como um
todo.
Quanto à terceira conceituação: “Tendência dos que vêem o bem
em tudo”, aceitamos nós, os espíritas que em tudo existe o bem, precisando
apenas encontrá-lo. O próprio mal traz em si o bem. Nem sempre o que consideramos
mal é realmente o mal e muitas vezes o que pensamos ser um bem é um mal.
Exemplificando: o alcoólatra vê na bebida alcóolica um bem,
um prazer, uma necessidade; só vê nesse bem o mal quando sua saúde física e
mental estiver comprometida. E somente quando se conscientiza do mal que aquele
bem lhe trouxe é que ele vai ser capaz de perceber todo o mal que causou a si
próprio, à sua família e a outras pessoas, na satisfação do que lhe parecia um
bem. Assim, nas conseqüências desastrosas do mal, surge o bem que leva o homem
a compreender o mal e a estimular-se à superação, à recuperação e à reeducação.
Basta então, que procuremos, em tudo, o bem, percebê-lo,
aceitá-lo, desenvolvê-lo e pouco a pouco, o mal irá desaparecendo dos corações
humanos e, por conseqüência, da Terra.
No final da definição do otimismo, como sendo também,
“opinião dos que se consideram satisfeitos com o estado atual das coisas” não é
a visão espírita.
Não acreditamos que o otimista esteja satisfeito com o
estado atual da humanidade. Não, o espírita vê e lamenta o mal, a violência,
frutos do egoísmo e do orgulho. Apenas compreende que o mal é conseqüência da
inferioridade espiritual do homem. À medida que o seu desenvolvimento moral se
aproxime do intelectual, sendo vivenciado em conjunto, o mal irá desaparecendo
e um dia, o Bem prevalecerá na Terra, como prevalece em mundos habitados por
Espíritos Superiores.
O Espiritismo leva o espírita a ser otimista porque com a
visão da imortalidade do Espírito, acredita na capacidade de aperfeiçoamento de
todos os homens. Confiando em Deus, em si e nos outros, perfectíveis como ele,
compreende os motivos do mal. Não o aprova, combate-o buscando o bem,
esforçando-se para fazer a sua parte, no raio de ação em que vive, caminhando
assim com mais segurança, com mais equilíbrio, com mais alegria!
Sejamos otimistas racionais, não alienados, não acomodados!
Sejamos otimistas dinâmicos, trabalhadores do Bem!
(Jornal Verdade e Luz Nº 168 de Janeiro de 2000)
Fonte: http://www.espirito.org.br
Leda de Almeida Rezende Ebner de Ribeirão Preto, SP
Por: Laura Lins
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