Cristianismo e espiritismo

O cristianismo tem seus fundamentos históricos e doutrinários baseados na Bíblia. Qualquer movimento religioso que se diz cristão deve ter seus ensinos confrontados com a Palavra de Deus para se verificar sua veracidade e, dessa forma, serem considerados verdadeiramente cristãos.
Mas a doutrina espírita, segundo seus próprios advogados, “nos ensina a praticar o cristianismo em sua forma mais pura e simples. Assim, o espírita kardecista procura ser um bom cristão. Ele sente que precisa combater seus próprios defeitos e praticar os ensinamentos de Jesus”.
Diante disso, para atingir seu objetivo, o espiritismo elogia Jesus Cristo com muitas palavras: “Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo? […] Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a humanidade na terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que Ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque Ele estava animado pelo Espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na terra”.
Qual é o cristão que não concordaria com essas declarações sobre Jesus e seus ensinos? Isso lemos na Bíblia, com frequência (Hb 4.15; 7.26). Mas, segundo os próprios espíritas, eles são os únicos que apregoam os verdadeiros ensinos dados por Jesus.

Allan Kardec perguntou aos espíritos o seguinte: “Se Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, que utilidade têm os ensinamentos dos espíritos? Poderão eles ensinar alguma coisa além do que ensinou Jesus?”. 

E a resposta foi: “Os ensinamentos de Jesus eram frequentemente alegóricos e na forma de parábolas, dado que Ele falava de acordo com a época e os lugares. Hoje, é preciso que a verdade seja inteligível a todos, razão pela qual é preciso explicar e desenvolver esses ensinamentos, porque tão poucos são os que os compreendem e ainda menos os que o praticam. Consiste nossa missão em abrir os olhos e os ouvidos a todos, para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas, esses que exteriormente se revestem das aparências da virtude e da religião para melhor ocultarem suas torpezas”.

Com essa explicação dada pelos espíritos, Allan Kardec acha que tem o direito de remover da Bíblia tudo quanto ela afirma contra as práticas e os ensinos do espiritismo. A partir desse posicionamento, tudo o que for contra o espiritismo, pode-se alegar, com muita propriedade, que faz parte dos ensinos parabólicos ou alegóricos de Jesus e que não devem ser considerados para os nossos dias.

Embora haja um abismo entre o ensino espírita e o cristianismo, Allan Kardec procura misturar os fundamentos e chega a afirmar que “o cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa”.

Mas se realmente o espiritismo ensinasse as mesmas doutrinas do cristianismo, seria de se esperar que os seus ensinamentos concordassem com as palavras de Jesus e dos apóstolos. E a melhor maneira de conferir essa afirmação é confrontando o que diz o espiritismo com o que ensina a Bíblia, que é o livro-base do cristianismo.

Uma religião que subtrai a autoridade bíblica

Allan Kardec declara que, na Bíblia, encontramos apenas comentários ou apreciações, reflexos de opiniões pessoais, muitas vezes contraditórias, que não poderiam, em caso algum, ter a autoridade de um relato dos que haviam recebido as instruções diretamente do Mestre.

“A Bíblia contém evidentemente fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não pode hoje aceitar, e outros que parecem singulares e que repugnam, por se ligarem a costumes que não são mais os nossos. A ciência, levando as suas investigações desde as entranhas da terra até as profundezas do céu, demonstrou, inquestionavelmente, os erros da gênese mosaica, tomada ao pé da letra, e a impossibilidade material de que as coisas se passassem conforme o modo pelo qual estão aí textualmente narradas, dando por essa forma profundo golpe nas crenças seculares”.

O eminente espírita Carlos Embassahy assim se pronuncia sobre a Bíblia: “Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. [O espiritismo] não rodopia junto à Bíblia. Mas a nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome”.

Diante disso, fica evidente que o espiritismo, ao mesmo tempo em que alega ser cristão, nega a Palavra de Deus, a base do cristianismo. Além disso, prova que os expositores e defensores do espiritismo ora apelam para a Bíblia, em busca de apoio, ora negam firmemente que ela tenha valor para sua fé.
Como lemos, o espiritismo, por meio de duas de suas maiores autoridades, nega a revelação divina das Escrituras, considerando-a uma mera compilação de fatos históricos e lendários. Os espíritas kardecistas, quando querem dizer que são cristãos, usam as Escrituras, citando-as seletivamente, como lhes convêm, para apoiar suas teorias.

A Bíblia passa a ser então apenas obra de consulta, não faz diferença se é ou não a Palavra de Deus, desde que possam usá-la como desejam. Mas e quanto a nós, cristãos? Temos a Bíblia como regra de fé e conduta para a vida e o caráter do cristão. É isso o que as próprias Escrituras afirmam: “Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes” (I Ts 2.13).

Fonte: http://www.ceismael.com.br
Por: Arthur Ayres

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