Campanha “Amor à Vida! Aborto, Não!”
I – Considerações Doutrinárias
A Doutrina Espírita
trata clara e objetivamente a respeito do abortamento, na questão 358 de sua
obra básica O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:
Pergunta – Constitui
crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?
Resposta – “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem
quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do
seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que
serviria de instrumento o corpo que se estava formando”.
Sobre os direitos do
ser humano, foi categórica a resposta dos Espíritos Superiores a Allan Kardec
na questão 880 de O Livro dos Espíritos:
Pergunta – Qual o
primeiro de todos os direito naturais do homem?
Resposta – “O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a
vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a
existência corporal”.
Início da Vida Humana
Para a Doutrina
Espírita, está claramente definida a ocasião em que o ser espiritual se insere
na estrutura celular, iniciando a vida biológica com todas as suas
conseqüências. Na questão 344 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga aos
Espíritos Superiores:
Pergunta – Em que
momento a alma se uns ao corpo?
Resposta – “A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do
nascimento. Desde o instante da concepção o Espírito designado para habitar
certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai
apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o
recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos
de Deus.”
As ciências
contemporâneas, por meio de diversas contribuições, vêm confirmando a visão
espírita acerca do momento em que a vida humana se inicia. A Doutrina Espírita
firma essa certeza definitiva, estabelecendo uma ponte entre o mundo físico e o
mundo espiritual, quando oferece registros de que o ser é preexistente à morte
biológica.
A tese da
reencarnação, que o Espiritismo apresenta como eixo fundamental para se
compreender a vida e o homem em tua sua amplitude, hoje é objeto de estudo de
outras disciplinas do conhecimento humano que, através de evidências
científicas, confirmam a síntese filosófica do Espiritismo: “Nascer, morrer,
renascer ainda e progredir sempre, tal é a Lei.”
Assim, não se pode
conceber o estudo do abortamento sem considerar o princípio da reencarnação,
que a Parapsicologia também aborda ao analisar a memória extracerebral, ou
seja, a capacidade que algumas pessoas têm de lembrar, espontaneamente, de
fatos com elas ocorridos, antes de seu nascimento. Dentro da lei dos
renascimentos se estrutura, ainda, a terapia regressiva a vivências passadas,
que a Psicologia e a Psiquiatria utilizam no tratamento de traumas psicológicos
originários de outras existências, inclusive em pacientes que estiveram
envolvidos na prática do aborto.
Aborto Terapêutico
O procedimento
abortivo é moral somente numa circunstância, segundo O Livro dos Espíritos, na
questão 359, respondida pelos Espíritos Superiores:
Pergunta – Dado o
caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mão dela, haverá
crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?
Resposta – “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a
sacrificar-se o que já existe.’
(Os Espíritos
referem-se, aqui, ao ser encarnado, após o nascimento.)
Com o avanço da
Medicina, torna-se cada vez mais escassa a indicação desse tipo de abortamento.
Essa indicação de aborto, todavia, com as angústias que provoca, mostra-se como
situação de prova e resgate para pais e filhos, que experimentam a dor
educativa em situação limite, propiciando, desse modo, a reparação e o
aprendizado necessários.
Aborto por Estupro
Justo é se perguntar,
se foi a criança que cometeu o crime. Por que imputar-lhe responsabilidade por
um delito no qual ela não tomou parte?
Portanto, mesmo
quando uma gestação decorre de uma violência, como o estupro, a posição
espírita é absolutamente contrária à proposta do aborto, ainda que haja
respaldo na legislação humana.
No caso de estupro,
quando a mulher não se sinta com estrutura psicológica para criar o filho, cabe
à sociedade e aos órgãos governamentais facilitar e estimular a adoção da
criança nascida, ao invés de promover a sua morte legal. O direito à vida está,
naturalmente, acima do ilusório conforto psicológico da mulher.
Aborto “Eugênico” ou “Piedoso”
A questão 372 de O
Livro dos Espíritos é elucidativa:
Pergunta – Que
objetivo visa a providência criando seres desgraçados, como os cretinos e os
idiotas?
Resposta – “Os que habitam corpos de idiotas são Espíritos sujeitos a uma
punição. Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da
impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não
desenvolvidos ou desmantelados.”
Fica evidente, desse
modo, que, mesmo na possibilidade de o feto ser portador de lesões graves e
irreversíveis, físicas ou mentais, o corpo é o instrumento de que o Espírito
necessita para sua evolução, pois que somente na experiência reencarnatória
terá condições de reorganizar a sua estrutura desequilibrada por ações que
praticou em desacordo com a Lei Divina. Dá-se, também, que ele renasça em um
lar cujos pais, na grande maioria das vezes, estão comprometidos com o problema
e precisam igualmente passar por essa experiência reeducativa.
Aborto Econômico
Esse aspecto é
abordado em O Livro dos Espíritos, na questão 687:
Pergunta – Indo
sempre a população na progressão crescente que vemos, chegará tempo em que seja
excessiva na Terra?
Resposta – “Não, Deus a isso provê e mantém sempre o equilíbrio. Ele coisa
alguma inútil faz. O homem, que apenas vê um canto do quadro da Natureza, não
pode julgar da harmonia do conjunto.”
Em O Evangelho
segundo o Espiritismo, Cap. XXV, a afirmativa de Allan Kardec é esclarecedora:
“A Terra produzirá o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes,
quando os homens souberem administrar, segundo as leis de justiça, de caridade
e de amor ao próximo, os bens que ela dá. Quando a fraternidade reinar entre os
povos, como entre as províncias de um mesmo império, o momentânea supérfluo de
um suprirá a momentânea insuficiência de outro; e cada um terá o necessário.”
Convém destacar,
ainda, que o homem não é apenas um consumidor, mas também um produtor, um
agente multiplicador dos recursos naturais, dominando, nesse trabalho, uma
tecnologia cada vez mais aprimorada.
Fonte: http://www.espirito.org.br
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