Os animais progridem, como o homem?
602. Os
animais progridem, como o homem, por sua própria vontade, ou pela força das
coisas?
— Pela
força das coisas; e é por isso que, para eles, não existe expiação.
603. Nos
mundos superiores, os animais conhecem a Deus?
— Não.
O homem é um deus para eles, como antigamente os Espíritos foram deuses
para os homens.
604. Os
animais, mesmo aperfeiçoados nos mundos superiores, sendo sempre interiores aos
homens, disso resultaria que Deus tivesse criado seres intelectuais
perpetuamente votados à inferioridade, o que parece em desacordo com a unidade
de vistas e de progresso que se assinalam em todas as suas obras?
— Tudo
se encadeia na Natureza por liames que não podeis ainda perceber, e as
coisas aparentemente mais disparatadas têm pontos de contato que o homem
jamais chegará a compreender no seu estado atual. Pode entrevê-los por um
esforço de sua inteligência, mas somente quando essa inteligência tiver
atingido todo o seu desenvolvimento e se libertado dos prejuízos
do orgulho e da ignorância poderá ver claramente na obra de Deus. Até lá
suas ideias limitadas lhe faraó ver as coisas de um ponto de vista
mesquinho. Sabei que Deus não pode contradizer-se e que tudo, na Natureza,
se harmoniza através de leis gerais que jamais se afastam da sublime
sabedoria do Criador.
604 –
a) A inteligência é, assim, uma propriedade comum, um ponto de encontro entre a
alma dos animais e a do homem?
— Sim,
mas os animais não têm senão a inteligência da vida material; nos homens,
a inteligência produz a vida moral.
605. Se
considerarmos todos os pontos de contato existentes entre o homem e os animais,
não poderíamos pensar que o homem possui duas almas: a alma animal e a alma
espírita e que, se ele não tivesse esta última, poderia viver só como os
animais? Dizendo de outra maneira: o animal é um ser semelhante ao homem, menos
a alma espírita? Disso resultaria que os bons e os maus instintos do homem
seriam o efeito da predominância de uma ou outra dessas duas almas?
— Não,
o homem não tem duas almas, mas o corpo tem os seus instintos, que
resultam da sensação dos órgãos. Não há no homem senão uma dupla natureza:
a natureza animal e a espiritual. Pelo seu corpo, ele participa
da natureza dos animais e dos seus instintos; pela sua alma, participa da
natureza dos Espíritos.
605
– a) Assim, além das suas próprias imperfeições, de que o Espírito deve
despojar-se, deve ele lutar contra a influência da matéria?
— Sim,
quanto mais inferior é ele, mais apertados são os laços entre o Espírito e
a matéria. Não o vedes? Não, o homem não tem. Duas almas; a alma é sempre
única, um ser único. A alma do animal e a do homem são distintas entre si,
de tal maneira que a de um não pode animar o corpo criado para o outro.
Mas se o homem não possui uma alma animal, que por suas paixões o coloque
no nível dos animais, tem o seu corpo que o rebaixa frequentemente a esse
nível, porque o seu corpo é um ser dotado de vitalidade, que tem
instintos, mas ininteligentes e limitados ao interesse de sua conservação.
Comentário de Kardec: O Espírito,
encarnando-se no corpo do homem, transmite-lhe o princípio intelectual e moral
que o torna superior aos animais. As duas naturezas existentes no homem
oferecem ás suas paixões duas fontes diversas: umas provêm dos instintos da
natureza, outras das impurezas do Espírito encarnado, que simpatiza em maior ou
menor proporção com a grosseria dos apetites animais. O Espírito, ao se
purificar, liberta-se pouco a pouco da influência da matéria. Sob essa
influência, ele se aproxima dos brutos; liberto dessa influência, eleva-se ao
seu verdadeiro destino.
606. De
onde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a espécie
particular de alma de que são dotados?
— Do
elemento inteligente universal.
606
– a) A inteligência do homem e a dos animais emanam, portanto, de um princípio
único?
— Sem
nenhuma dúvida; mas no homem ela passou por uma elaboração que a eleva
sobre a dos brutos.
607. Ficou
dito que a alma do homem, em sua origem, assemelha-se ao estado de infância da
vida corpórea, que a sua inteligência apenas desponta e que ela ensaia para a
vida. (Ver item 190.) Onde cumpre o Espírito essa primeira fase?
— Numa
série de existências que precedem o período que chamais de Humanidade.
Fonte: “O
Livro dos Espíritos” - CAPÍTULO XI - DOS TRÊS REINOS
Por: Laura Lins
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