Princípio inteligente dos seres inferiores da criação?
607. A)
Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres
inferiores da criação?
— Não
dissemos que tudo se encadeia na Natureza e tende à
unidade?
É nesses seres, que estais longe de
conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza
pouco a pouco e ensaia para a vida, como dissemos. É, de certa maneira, um
trabalho preparatório, como o de germinação, em seguida ao qual o
princípio inteligente sofre uma transformação e se
torna Espírito. É então que começa para ele o período
de humanidade, e com este a consciência do seu futuro, a distinção do berne
do mal e a responsabilidade dos seus atos. Corno depois do período da
infância vem o da adolescência, depois a juventude, e pôr fim a idade
madura. Nada há de resto, nessa origem, que deva humilhar o homem. Os
grandes gênios sentem-se humilhados por terem sido fetos informes no ventre
materno? Se alguma coisa deve humilhá-los é a sua inferioridade perante
Deus e sua impotência para sondar a profundeza de seus desígnios e a
sabedoria das leis que regulam a harmonia do Universo. Reconhecei a
grandeza de Deus nessa admirável harmonia que faz a solidariedade de todas
as coisas na Natureza. Crer que Deus pudesse ter feito qualquer
coisa sem objetivo e criar seres inteligentes sem futuro seria blasfemar
contra a sua bondade, que se estende sobre todas as suas criaturas.
607 –
b) Esse período de humanidade começa sobre a nossa Terra?
–
A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O
período de humanidade começa, em geral, nos mundos ainda mais inferiores.
Essa, entretanto, não é uma regra absoluta e poderia acontecer que um
Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra. Esse
caso não é frequente e seria antes uma exceção.
608.0
Espírito do homem, após a morte, tem consciência das existências que
precederam, para ele, o período de humanidade?
– Não,
porque não é senão desse período que começa para ele a vida de Espírito, e
é mesmo difícil que se lembre de suas primeiras existências como homem,
exatamente como o homem não se lembra mais dos primeiros tempos de sua
infância, e ainda menos do tempo que passou no ventre materno. Eis porque
os Espíritos vos dizem que não sabem como começaram. (Ver item 78.)
609. O
Espírito, tendo entrado no período da humanidade, conserva os traços do que
havia sido precedentemente, ou seja, do estado em que se encontrava no período
que se poderia chamar anti-humano?
– Isso
depende da distância que separa os dois períodos e do progresso realizado.
Durante algumas gerações, ele pode conservar um reflexo mais ou menos
pronunciado do estado primitivo, porque nada na Natureza se faz por transição
brusca; há sempre anéis que ligam as
extremidades da cadeia do seres e dos acontecimentos. Mas
esses traços desaparecem com o desenvolvimento do livre-arbítrio. Os primeiros
progressos se realçam lentamente, porque não são ainda secundados pela
vontade, mas seguem uma progressão mais rápida à medida que o Espírito
adquire consciência mais perfeita de si mesmo.
610. Os
Espíritos que disseram que o homem é um ser à parte na ordem da criação
enganaram-se, então?
– Não,
mas a questão não havia sido desenvolvida e há coisas que não podem vir senão a
seu tempo. O homem é, de fato, um ser à parte porque tem faculdades que o
distinguem de todos os outros e tem outro destino A espécie humana é a que Deus
escolheu para a encarnação dos seres que o podem conhecer.
Fonte: “O
Livro dos Espíritos” - CAPÍTULO XI - DOS TRÊS REINOS
Por: Laura Lins
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