O Jovem e o Suicídio: Existem Sinais no Mundo Virtual?

Apesar de estarmos em um século de muito progresso de ordem tecnológica e científica também se vivencia um vazio existencial que não se preenche com nenhum dos recursos modernos. Isso leva muitas pessoas, inclusive os jovens, a procurar saídas como o suicídio. Este trabalho visa apresentar alguns sinais que podem indicar uma potencial tentativa de suicídio, bem como as causas e consequências, baseando-se, principalmente, na Doutrina Espírita.

“O suicídio é o maior dos crimes porque é o desprezo do divino remédio nas dores passageiras da vida.” (Camilo Cândido Botelho, 1958). A morte é um tema pouco discutido pelas pessoas apesar de ser uma certeza em comum entre elas. E por sua vez, a “Imortalidade da alma” se torna consciente ao homem quando o mesmo percebe que o corpo equivale à uma vestimenta e que a morte não é o fim. Desse modo, refletindo sobre o assunto ele começa a compreender-se como um ser imortal, não se prendendo apenas à matéria nem ao planeta habitado, mas atentando de algum modo aos costumes e condição moral do orbe. Segundo dados da OMS/2013, cerca de um milhão de pessoas cometem suicídio por ano, aproximadamente uma morte a cada 40 segundos. Entre os jovens, no Brasil, houve um crescimento de 21% nos casos de suicídio em relação às duas últimas décadas, e hoje representa a segunda causa de morte dessa faixa etária, com 7,3% do total, superando a AIDS e a violência. Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa é revisar a literatura e realizar uma coleta de dados a partir de um questionário para identificar os sinais de que o ato suicida possa vir a acontecer. Pois, apesar de se viver em um século no qual o progresso científico e tecnológico se intensificaram, também se evidencia o vazio existencial - por efeito da ociosidade, falta de fé e saciedade - que não se preenche com nenhum desses recursos modernos.

No período de dezembro de 2016 e janeiro de 2017, foi realizada uma revisão de literatura em textos científicos na língua portuguesa, usando os descritores juventude, suicídio e indícios nas plataformas de dados Google, bem como  em obras espíritas, assim como uma coleta de dados, a partir de um formulário online criado pelos autores do presente trabalho e disponibilizado aos interessados em contribuir com as informações pelo Google Formulários, buscando relacionar sinais de suicídio na juventude a partir de postagens nas redes sociais. Foram excluídos relatos de casos de pessoas que não responderam às perguntas e que possuíam idade superior à 24 anos.  Os participantes voluntários foram escolhidos pelo interesse em torno do tema, tendo sido estes detectados pelos integrantes da Casa Espírita, os quais tinham conhecimento de possíveis casos ocorridos e foram averiguar junto aos jovens, quem também podiam mandar o formulário para algum conhecido. Dos 60 (sessenta) formulários analisados, 45 (quarenta e cinco) atenderam aos critérios de inclusão. Como resultado, cerca de 51% estabelecem relação entre o suicídio de alguém conhecido ou sua própria tentativa com depressão. Foi constatado, quando perguntados se foi deixado algum bilhete ou pista, que 20% dos participantes escreveram alguma carta, mensagem de despedida ou postaram uma música/ foto com legenda depressiva em redes sociais. Outro sinal contundente e anterior à tentativa de suicídio é a mudança comportamental, no entanto, as pessoas sentiram dificuldade em responder a esse quesito pois podia variar de um isolamento à uma felicidade falsa. Além disso, 42% responderam sim ou talvez à pergunta “Você posta coisas depressivas na internet?”, exemplificada pela frase “Eu queria estar morto!”. Sendo assim, é imprescindível conhecer as leis que regem o universo espiritual, diretamente relacionadas com o mundo corpóreo, às quais todos os seres estão sujeitos, como a Lei de Conservação.  Mudanças comportamentais, tal qual o isolamento, é um fator que pode indicar risco de depressão, estando está relacionada diretamente com mais de 50% dos casos de tentativa de suicídio entre os jovens na nossa pesquisa. Segundo Rocha (2010), se faz necessário atentar para o jovem quando este evita o uso do computador próximo às outras pessoas, visto que na rede virtual a ideia de suicídio pode ser considerada até comum, e quando o jovem começa a falar em morrer, verbalizar que não quer mais viver, ou que a vida não vale mais a pena. É preciso, portanto, observá-lo e perceber de que modo a ajuda poderá ser oferecida e demonstrar ao indivíduo quais as consequências do suicídio, podendo esta demonstração estar de acordo com a Doutrina Espírita. O adolescente e o jovem devem ser estimulados ao convívio social e discutir sobre seus problemas abertamente. A construção diária do bem e a busca pela evolução espiritual serão prejudicadas por alguns desvios temerários, a exemplo do suicídio: “Estava reservado ao Espiritismo demonstrar pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é um falta apenas por constituir infração de uma lei moral, mas um ato que nada ganha quem o pratica.” (Livro dos Espíritos). Pois, ao abaixar seu campo vibracional, estará sujeito ao sofrimento pela culpa, atraso na evolução espiritual e poderão reencarnar com defeitos congênitos.

Um dos princípios básicos da Doutrina Espírita, chamado de imortalidade da alma, afirma que o espírito, princípio inteligente do universo, possui vida eterna ao contrário do corpo material, que é meramente transitório. Segundo a pergunta 150-b do Livro dos Espíritos: “A alma não leva nada deste mundo?” R: Nada mais que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. Essa lembrança é cheia de doçura ou amargor, segundo o emprego que tenha dado à vida. Analisando esta citação, e correlacionando com o tema abordado, percebe-se que as consequências do suicídio ocorrerão de diversas formas, imediatamente e ao longo das encarnações subsequentes dos praticantes desse crime contra a vida, que constitui uma infração das leis morais.

Através deste trabalho e uma análise com base nos dados relacionados ao tema, pode-se concluir que apesar de evidências muitas vezes não muito claras, existem sinais nos jovens que tentam o suicídio como uma maneira de escapar de uma eventual dor que estejam sofrendo, como por exemplo, a natureza das postagens feitas no mundo virtual. É preciso que esse assunto seja amplamente discutido na sociedade, e que a educação espiritual se faça presente, pois ela se constitui em importante fator de esclarecimento quanto às implicações do suicídio e intensificação da dor, a partir dele.

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Fontes: BBC Brasil, OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150922_suicidio_jovens_fd>. Acesso em: 03 de janeiro de 2017.

Delanne, Gabriel. O Espiritismo perante a Ciência, Trad. De Carlos Imbassahy. Rio de Janeiro: FEB, 1937.

DUTRA, E. Comportamentos autodestrutivos em crianças e adolescentes: Orientações que podem ajudar a identificar e prevenir. In: C.S. HUTZ (Ed.), Situações de risco e vulnerabilidade na infância e adolescência: Aspectos teóricos e estratégias de intervenção. Porto Alegre, Casa do Psicólogo, p. 53-84. 2002.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita.Trad. de Guillon Ribeiro. 86.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o espiritismo, Trad. de Guillon Ribeiro da 3. ed. francesa rev., corrig. emodif. pelo autor em 1866. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Prevenção do suicídio: Manual dirigido a profissionais da saúde da atenção básica. Brasília, OPAS/Unicamp. 2009.

PASSINI, José. Imortalidade da Alma. Disponível em site Doutrina espírita: <http://www.doutrinaespirita.com.br/?q=node/43>. Acesso em: 03 de janeiro de 2017.

PEREIRA, Yvonne A. Memórias de um suicida. Pelo espírito Camilo Cândido Botelho. Editora FEB, 1954.

ROCHA, Cristina Helena. Suicídio na adolescência: problema de saúde pública e doença da alma. Disponível em <http://somosespiritos.blogspot.com.br/2010/06/suicidio-na-adolescencia-problema-de.html>. 

Autores: Gabriel Lucas Santos da Silva; Lucas Thierry Costa Silva; Nayara de Freitas Melo; Francisca Cristina da Silva Nunes.

Por: Laura Lins