Joanna de Ângelis e o Feminismo – PARTE I

Joanna de Ângelis é um dos espíritos mais conhecidos no Brasil por suas belas mensagens. Através do médium Divaldo Franco, seus dizeres já renderam dezenas de livros, que foram traduzidos para diversos idiomas, contribuindo assim grandemente para a instrução dos espíritas. Sua trajetória na Terra não é menos admirável. Outrora foi Joana de Cusa, que seguiu os passos de Jesus, e ainda esteve em incidentes dramáticos da independência baiana como Joanna Angélica de Jesus. Também, foi a poetisa Juana Inés de la Cruz, considerada a primeira feminista das Américas. Resumidamente, ela é um espírito de muita elevação moral e intelectual, e tem estado engajada no exercício de tarefas muito nobres.
Hoje discutiremos sobre um de seus textos, intitulado “Feminismo”, psicografado por Divaldo Franco. Sem dúvida, o protagonismo que Joanna tem exercido, tanto através de suas encarnações quanto no espiritismo, lhe dá propriedade para abordar o movimento feminista da forma que fez, a partir de um panorama histórico e alertando-nos para os riscos e potencialidades da luta que empreendemos pelos nossos direitos.
Este texto, publicado no livro Encontro com a Paz e a Saúde, está disponível na internet e pode ser encontrado facilmente. Aqui, farei somente um comentário mais geral sobre o que ela analisou.
A mensagem de Joanna de Ângelis sobre a origem e desdobramentos do movimento feminista contém pontos muito instigantes. Hoje vou começar a comentar o texto e destacar alguns trechos que me chamaram atenção para discutirmos.

De início, Joanna destaca que fomos criados para a liberdade, e ao se referir ao diálogo de Jesus com Nicodemos, enfatiza a forma como as restrições de qualquer natureza – como a submissão ao machismo - podem vir a impedir nosso desenvolvimento e metas evolutivas. Todavia, lembra-nos que a liberdade nós é dada na mesma medida em que a nós são atribuídas as consequências pelos nossos atos, dentro do que propõem as leis de Deus.

Apesar das restrições que as mulheres sofreram ao longo da história, algumas foram capazes de alcançar o mesmo privilégio adquirido pelos homens, por meio de recursos variados. Seja pela beleza, poder de sedução, astúcia, maternidade ou santidade. Ela exemplifica isto citando o nome de Maria de Nazaré, santa Teresa d’Ávila, Cleópatra, entre as demais pioneiras que atuaram nas ciências, filosofia, artes e religiões. Com isto, ela conclui que estas mulheres, através de seus anseios particulares, abriram espaço para um olhar diferenciado sobre o feminino, que deveria lhe atribuir respeito em vez de diminui-lo. Desta forma, surge o ensejo para que se desenvolva o movimento chamado Feminista.

Partindo desta abordagem, Joanna destaca que a ideia original do movimento, de equiparação entre os direitos de homens e mulheres, é extremamente feliz. Houveram aquelas que passaram por verdadeiros sacrifícios defendendo a causa, e que apesar de uma fragilidade orgânica que lhes foi atribuída, não deixavam a dever na inteligência, lógica e sagacidade. Lutaram contra abusos e intolerâncias bravamente. Daí aproveito para destacar um trecho importantíssimo, que diz

“lutaram (...) afirmando que a biologia não é fatalidade na definição da capacidade mental e cultural, quebrando as primeiras cadeias da intolerância”.

Nesta citação ressoa muito do que temos discutido por aqui tangencialmente nestes últimos dias. Tanto ao feminino quanto ao masculino, são atribuídas diversas características como se estas fossem intrínsecas e irremediáveis quando, na verdade, nossas atribuições morais, físicas e intelectuais dependem somente do percurso evolutivo que viemos traçando ao longo de nossa própria história, da mesma forma que do planejamento reencarnatório no qual ingressamos.

É muito importante que a reflexão sobre este fato alcance as nossas práticas diárias, que por vezes, estão atreladas a preconceitos muito fortes, mas muito sutis. Não é raro ouvirmos alguém resmungando com frases do tipo: “tinha que ser mulher!” ou “isso daí é coisa de homem”. À princípio isto pode parecer inocente, se pensado de forma solta, mas aí encontra-se o gérmen de situações de grave intolerância. Muito se critica sobre o “politicamente correto”, mas isto é porque a nossa cultura é tão entranhada com estes pré-conceitos que parece que não sabemos mais nos expressar ou rir senão por meio deles. Felizmente, as lutas sociais e a própria doutrina espírita vêm à luz nos apontar o quanto estabelecer paradigmas para comportamento de gênero são infundados.


Fontes: Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec; Livro dos Espíritos, Allan Kardec; Encontro com a Paz e a Saúde, Joanna de Ânfelis e Divaldo Franco.
Autor: Yasmin Almeida - Trabalhadora do Grupo Espírita Vinha de Luz de Belém, Pará, criadora do espaço de debates Feminismo à Luz do Espiritismo no Instagram e integrante da equipe organizadora do I Fórum Espírita da Juventude.
Por: Laura Lins

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