Premissa Espírita para o Feminismo

Fala galera linda do nosso coração! A partir de hoje vamos está fazendo a “Semana do Feminismo” em todas as redes sociais do Mundo Jovem Espírita, sendo todo dia um texto diferente abordando o assunto a luz da Doutrina Espírita. Claro que um tema tão especial teria que ter a parceria com alguém também muito especial para todos nós do Mundo Jovem, não é mesmo?

Por este motivo, venho apresentar a vocês nossa amiga Yasmin Almeida criadora do @feminismoaluzdoespiritismo lá no instagram, trabalhadora do Grupo Espírita Vinha de Luz de Belém-Pará, integrante da equipe organizadora do I Fórum Espírita da Juventude e nessa semana ela está aqui para conversar sobre um assunto muito interessante. O Feminismo a Luz da Doutrina Espírita.
Convido a todos vocês para essa leitura e reflexão em cima de estudos doutrinários sobre esse assunto tão sério. Vamos lá?
Em tempos nos quais a mídia se alimenta de um sensacionalismo crescente, e em que as pessoas têm sede por consumo rápido de informações, é necessário que o nosso senso crítico esteja cada vez mais apurado. Hoje, as abordagens de muitos assuntos complexos, principalmente no que diz respeito à política, normalmente se reduzem a dois lados: ao “bom x mal”, “esquerda x direita”, “sim x não” e aos “extremismos x omissões”, por exemplo. Muitas das vezes, chega a ser irresponsável tratar questões tão sensíveis com tamanho simplismo.

A imagem do lado esquerdo ficou bem famosa no Facebook há algum tempo. Mas devemos ter cuidado com discursos falsamente abrangentes.

É particularmente importante começar a abordagem deste tema mencionando tal fato pela forma com a qual devemos considerar que se originou um forte preconceito contra o movimento feminista ao longo de sua história. Um público mais amplo carrega até mesmo certo estereótipo do movimento: mulheres raivosas, que dão as costas à família, raspam suas cabeças, andam nuas, são promíscuas e masculinizadas. E isto, por sua vez, gera uma série de preconceitos se jogarmos estas impressões contra a nossa formação cultural sobre o que seria ser uma mulher.

Se nós tivermos somente esta ideia de feminismo nas nossas cabeças, sem dúvida se torna difícil realizarmos um diálogo proveitoso entre feminismo e espiritismo. Por outro lado, se adotarmos uma postura crítica para obtermos a compreensão de que todo e qualquer assunto contém uma multiplicidade de perspectivas, abrimos um grande espaço de reflexão.

Dito isto, estamos aptos a compreender que o feminismo se manifesta de diferentes maneiras, em uma multiplicidade de vertentes. Existem sim os grupos mais radicais (e não cabe a ninguém julgar seus meios de demandar seus direitos, primeiramente considerando a sua existência na perspectiva histórica e sociológica, e em segundo lugar porque cada um faz suas próprias escolhas e tem  liberdade de conceber o mundo tanto quanto nós, que escolhemos ser espíritas), porém além destes, existem muitos outros: o feminismo negro, marxista, liberal, vegano, interseccional, de direita, cristão, transfeminismo...

Os preconceitos que se espalham sobre o assunto também tem a ver com uma concepção errada de que o feminismo seria o oposto do machismo – assim, implicaria numa inversão da atual estrutura de poder da sociedade, em que as mulheres seriam tidas como quem deveria dominar os homens. Então, outra ressalva não menos importante é que não podemos confundir feminismo com femismo.

À parte desta última ressalva, concluímos que neste movimento social (assim como em muitos outros), não há unidade. Cada um discute suas pautas e viabiliza sua militância de modo muito específico, e no meio de tudo isso, o importante é entender que todos estes denunciam a desigualdade de gênero. Ou seja, podemos dizer que o movimento feminista, como um todo, quer assegurar a igualdade de direitos e oportunidades entre mulheres e homens.

Dado este panorama introdutório, perguntamos: de que forma o feminismo e o espiritismo podem dialogar?

Ora, o Espiritismo é pautado senão na lei de amor e caridade. No Evangelho Segundo o Espiritismo, se lê em diferentes trechos ideias que corroboram a ideia de que não devemos jamais nos ver como diferentes do próximo, buscando sempre um patamar de igualdade e respeito em nossas relações.

“Apoiar numa lei natural os princípios da solidariedade, da fraternidade e da igualdade”(Cap. IV, item 26)

“A máxima — Fora da caridade não há salvação — consagra o princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de consciência” (Cap. XV, item 8)

“Todos os seres humanos são Espíritos imortais criados por Deus em igualdade de condições, sujeitos às mesmas leis naturais de progresso que levam todos, gradativamente, à perfeição” (Cap. XXVIII, nota explicativa)

Sendo assim, por que julgar uma mulher com tanta severidade pelos seus atos, ou ainda lhe furtar as oportunidades e direitos pressupondo inferioridade? A ética espírita é universal, não se aplicando de modo diferente sobre as pessoas conforme seu gênero. Mais ainda, é necessário desenvolvermos empatia e valorizarmos as dores e sofrimentos das mulheres, que estão na Terra passando por séculos e séculos de opressão, seja nos termos de sua sexualidade, seus corpos e estética, oportunidades de trabalho, acesso à educação, maternidade, enfim.

O próximo texto, pautado nos escritos de Allan Kardec, nos permitirá compreender a abrangência desse processo de opressão, mas por enquanto, que possamos abrir nossas mentes e corações para a potencialidade do intercâmbio entre política e religião, a fim de fazermos com que o Espiritismo cumpra sua destinação última, que é intervir positivamente no funcionamento de nossa sociedade.


Fontes:
Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec; Livro dos Espíritos, Allan Kardec.
Autor: Yasmin Almeida - Trabalhadora do Grupo Espírita Vinha de Luz de Belém, Pará, criadora do espaço de debates Feminismo à Luz do Espiritismo no Instagram e integrante da equipe organizadora do I Fórum Espírita da Juventude.

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