O VALE DOS SUICIDAS
Precisamente no mês de janeiro do
ano da graça de 1891, fora eu surpreendido com meu aprisionamento em região do
Mundo Invisível cujo desolador panorama
era composto por vales profundos, a que
as sombras presidiam: gargantas sinuosas
e cavernas sinistras, no interior das quais
uivavam, quais maltas de demônios enfurecidos, Espíritos que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza,
verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os martirizavam.
Nessa paisagem aflitiva da contemplação, com a vista torturada do grilheta, não
distinguiria sequer o doce vulto de um arvoredo que testemunhasse suas horas de desesperação, tampouco paisagens
confortativas que pudessem distraí-lo da
contemplação cansativa dessas gargantas
onde não penetrava outra forma de Vida
que não a traduzida pelo supremo horror!
[...]
Não havia então ali, como não haverá jamais, nem paz, nem consolo, nem esperança: tudo em seu âmbito marcado pela desgraça era miséria, assombro, desespero e horror.
[...]
Aqui, era a dor que nada consola, a desgraça que nenhum favor ameniza, a tragédia que ideia alguma tranquilizadora vem orvalhar de esperança! Não há céu, não há luz, não há sol, não há perfume, não há tréguas!
O que há é o choro convulso e inconsolável dos condenados que nunca se harmonizam! O assombroso “ranger dos dentes” da advertência prudente e sábia do sábio Mestre de Nazaré! A blasfêmia acintosa do réprobo a se acusar a cada novo rebate da mente flagelada pelas recordações penosas! A loucura inalterável de consciências contundidas pelo ver‑ gastar infame dos remorsos! O que há é a raiva envenenada daquele que já não pode chorar, porque ficou exausto sob o excesso das lágrimas! O que há é o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente vivo a despeito de se haver arrojado na morte! É a revolta, a praga, o insulto, o ulular de corações que o percutir monstruoso da expiação transformou em feras! O que há é a consciência conflagrada, a alma ofendida pela imprudência das ações cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais envolvidas nas trevas oriundas de si mesma! [...].
[...]
Não havia então ali, como não haverá jamais, nem paz, nem consolo, nem esperança: tudo em seu âmbito marcado pela desgraça era miséria, assombro, desespero e horror.
[...]
Aqui, era a dor que nada consola, a desgraça que nenhum favor ameniza, a tragédia que ideia alguma tranquilizadora vem orvalhar de esperança! Não há céu, não há luz, não há sol, não há perfume, não há tréguas!
O que há é o choro convulso e inconsolável dos condenados que nunca se harmonizam! O assombroso “ranger dos dentes” da advertência prudente e sábia do sábio Mestre de Nazaré! A blasfêmia acintosa do réprobo a se acusar a cada novo rebate da mente flagelada pelas recordações penosas! A loucura inalterável de consciências contundidas pelo ver‑ gastar infame dos remorsos! O que há é a raiva envenenada daquele que já não pode chorar, porque ficou exausto sob o excesso das lágrimas! O que há é o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente vivo a despeito de se haver arrojado na morte! É a revolta, a praga, o insulto, o ulular de corações que o percutir monstruoso da expiação transformou em feras! O que há é a consciência conflagrada, a alma ofendida pela imprudência das ações cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais envolvidas nas trevas oriundas de si mesma! [...].
Fonte: PEREIRA, Yvonne, A. Memórias de um suicida. Primeira
Parte, cap. O vale dos suicidas, p.19-22. Pelo espírito Camilo Cândido Botelho.
Por: Laura Lins
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