QUESTÕES DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS:

Questão 956. Aqueles que, não podendo suportar a perda dos entes queridos, se matam na esperança de se juntarem a eles atingem o seu objetivo?

“O resultado que colhem é muito diverso do que esperavam: em vez de se unirem ao objeto de sua afeição, dele se afastam por mais tempo, já que Deus não pode recompensar um ato de covardia, nem o insulto que lhe fazem ao duvidarem da sua providência. Pagarão esse instante de loucura com aflições ainda maiores do que as que pensavam abreviar e não terão, para compensá-las, a satisfação que esperavam” (934 e seguintes).

Questão 957. Quais são, em geral, com relação ao estado do Espírito, as consequências do suicídio?

“As consequências do suicídio são muito diversas. Não há penas fixadas e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que o produziram. Há, porém, uma consequência à qual o suicida não pode escapar: o desapontamento. Ademais, a sorte não é a mesma para todos; depende das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam”.

Comentário de Allan Kardec

A observação mostra, realmente, que os efeitos do suicídio não são idênticos. Há, porém, os que são comuns a todos os casos de morte violenta e que resultam da interrupção brusca da Vida. Isso se deve principalmente à persistência mais prolongada e tenaz do laço que une o Espírito ao corpo, já que esse laço se encontra em todo seu vigor no momento em que é rompido, enquanto na morte natural ele se enfraquece gradualmente e muitas vezes se desfaz antes mesmo que a Vida se haja extinguido completamente. As consequências desse  estado de coisas são o prolongamento da perturbação espiritual, sucedendo um período de ilusão em que o Espírito, durante mais ou menos tempo, julga pertencer ainda ao número dos vivos [encarnados].

A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que assim sente, à sua revelia, os efeitos da decomposição, fazendo-o experimentar uma sensação cheia de angústias e de horror, estado que também pode persistir pelo tempo que devia durar a Vida que foi interrompida. Esse efeito não é geral, mas, em caso algum, o suicida se livra das consequências da sua falta de coragem e, mais cedo ou mais tarde, expia, de um modo ou de outro, a culpa em que incorreu. É assim que certos Espíritos, que haviam sido muito infelizes na Terra, disseram ter-se suicidado na existência anterior e submetido voluntariamente a novas provas, para tentarem suportá-las com mais resignação. Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria, de que inutilmente procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores, cujo acesso, porém, lhes é interdito. Na maior parte deles, é o pesar de haver feito uma coisa inútil, que só redundou em decepções.

A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às Leis da Natureza. Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a Vida. Mas por que não se tem esse direito? Por que o homem não é livre para pôr termo aos seus sofrimentos? Estava reservado ao Espiritismo demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta apenas por constituir infração de uma lei moral, consideração de pouco peso para certos indivíduos, mas um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes é o contrário que se dá. Não é pela teoria que o Espiritismo nos ensina isso, mas pelos fatos que ele nos põe sob as vistas.

Fonte: O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.
Por: Laura Lins

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