Encarnação nos Diferentes Mundos - Parte 2
178.
Os Espíritos podem renascer corporalmente num mundo relativamente inferior
àquele em que já viveram?
— Sim, quando têm
uma missão a cumprir, para ajudar o progresso; e então aceitam com alegria as
tribulações dessa existência porque lhes fornecem um meio de se adiantarem.
178 – a) Isso não
pode também acontecer como expiação, e Deus não pode enviar os Espíritos rebeldes
a mundo inferiores?
— Os Espíritos
podem permanecer estacionários, mas nunca retrogradas; sua punição, pois, é a
de não avançar e ter recomeçar as existências mal empregadas, no meio que
convém à sua natureza.
178 – b) Quais são
os que devem recomeçar a mesma existência?
— Os que faliram em
sua missão ou em suas provas.
179. Os seres que
habitam cada mundo estão todos no mesmo grau de perfeição?
— Não. É como na
Terra: há os que estão mais ou menos adiantados.
180. Ao passar
deste mundo para outro, o Espírito conserva a inteligência que tinha aqui?
— Sem dúvida, pois
a inteligência nunca se perde. Mas ele pode não dispor dos mesmos meios para
manifestá-la. Isso depende da sua superioridade e do estado do corpo que
adquirir. (Ver influência do organismo, item 367).
181. Os seres que
habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos?
— Sem dúvida que
têm corpos, porque é necessário que o Espírito se revista de matéria para agir
sobre ela; mas esse envoltório é mais ou menos material, segundo o grau de
pureza a que chegaram os Espíritos, e é isso que determina as diferenças entre
os mundos que temos de percorrer. Porque há muitas moradas na casa de nosso
Pai, e muitos graus, portanto. Alguns o sabem e têm consciência disso aqui na
Terra, mas outros anda sabem.
182. Podemos
conhecer exatamente o estado físico e moral dos diferentes mundos?
— Nós,
Espíritos, não podemos responder senão na medida do vosso grau de evolução.
Quer dizer que não devemos revelar estas coisas a todos, porque nem todos estão
em condições de compreendê-las, e elas os perturbariam.
Comentário de
Kardec: À medida que o Espírito
se purifica, o corpo que o reveste, aproxima-se igualmente da natureza
espírita. A matéria se torna menos densa, ele já não se arrasta penosamente
pelo solo, suas necessidades físicas são menos grosseiras, os seres vivos não
têm mais necessidade de se destruírem para se alimentar. O Espírito é mais
livre e tem, para as coisas distanciadas, percepções que desconhecemos: vê
pelos olhos do corpo aquilo que só vemos pelo pensamento.
A purificação dos
Espíritos reflete-se na perfeição moral dos seres em que estão encarnados. As
paixões animais se enfraquecem, o egoísmo dá lugar ao sentimento fraternal. É
assim que, nos mundos superiores ao nosso, as guerras são desconhecidas, os
ódios e as discórdias não têm motivo, porque ninguém pensa em prejudicar o seu
semelhante. A intuição do futuro, a segurança que lhes dá uma consciência
isenta de remorsos fazem que a morte não lhes cause nenhuma apreensão: eles a
recebem sem medo e como uma simples transformação.
A duração da vida, nos diferentes mundos, parece proporcional ao seu
grau de superioridade física e moral, e isso é perfeitamente racional. Quanto
menos material é o corpo, está menos sujeito às vicissitudes que o
desorganizam, quanto mais puro é o Espírito, menos sujeito às paixões que o
enfraquecem. Este é ainda um auxílio da providência, que deseja, assim,
abreviar os sofrimentos.
Fonte: O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
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