Tiradentes


“… Eis por que um que vos parece justo, muitas vezes sofre. É a punição do seu passado”. (O Livro dos Espíritos – Pergunta 984)

No ano de 1985, a nação brasileira passou por momentos de grande aflição e, até mesmo, de desespero.
A população, em sua grande maioria, orava conjuntamente para que a dor que lhes afligia fosse extinta. Nunca tantas pessoas se uniram, formando uma grande corrente de energia psíquica para que a doença inesperada não levasse à morte alguém que representava a esperança de um país.
Tudo inútil. A “fé que remove montanhas” não foi capaz de retirar o cálice do resgate da boca de um querido irmão em expiação.
Por que as preces e as correntes vibratórias do povo brasileiro e de outros países não surtiram efeito? Qual o motivo espiritual da fatalidade que alcançou Tancredo Neves poucas horas antes da posse como Presidente do Brasil?
Se nos basearmos em conceitos dogmáticos das religiões tradicionais, de maneira nenhuma conseguiremos saber o porquê do intenso sofrimento sentido por Tancredo e pelo povo brasileiro. Mais uma vez foi dito que “não devemos discutir os desígnios divinos” e o mistério novamente surgiu, tentando responder o que não tem explicação sem o processo da Lei de Causa e Efeito.
Certamente muitas pessoas que oraram com fervor para a recuperação de Tancredo Neves lograram experimentar o desconsolo e a desesperança, assediadas pela decepção, diante do final dramático e acreditamos que, ainda hoje, muitos se lembram daquele episódio com muita tristeza e com muitas dúvidas.
Allan Kardec ensina: “A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa… Fé inabalável só é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da humanidade”.
Perguntou o mestre lionês à Espiritualidade:
“As vicissitudes da vida são sempre a punição das faltas atuais?”
Responderam os Espíritos:
“Não; já dissemos: são provas impostas por Deus, ou que vós mesmos escolhestes como Espíritos, antes de encarnardes, para expiação das faltas cometidas em outra existência, porque jamais fica impune a infração das leis de Deus e, sobretudo, da lei de justiça. Se não foi punida nesta existência, sê-lo-á necessariamente noutra. Eis por que um, que vos parece justo, muitas vezes sofre. É a punição do seu passado”.
Utilizando-nos do raciocínio que o Consolador nos oferece, busquemos novamente “O Livro dos Espíritos” para o esclarecimento que se faz necessário para, baseados na razão, esclarecermos o assunto em tela.
O Codificador da Doutrina dos Espíritos questiona o mundo extracorpóreo: “Qual a consequência do arrependimento no estado espiritual?”. Esclarecem, então, os Mestres do Além: “Desejar o arrependido uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o privam de ser feliz e por isso aspira a uma nova existência em que possa expiar suas faltas”.
Portanto, existia um determinismo providencial no sentido de o Espírito Tancredo Neves, poder resgatar dívidas intensas contraídas em vida passada.
Os jornais, na época, noticiaram o depoimento de um dos componentes da equipe médica que cuidou do Presidente, que disse o seguinte:
“Aconteceram coisas muito raras com ele. Eu nunca vi leiomioma (tumor benigno) perfurar desse jeito. Sangramentos de sutura em geral ocorrem nos dois primeiros dias do pós-operatório e raramente no oitavo dia. Também nunca vi ocorrer infecção pelo actinomiceto como aconteceu com ele, porque o microorganismo é bastante raro. São coisas que nos deixam com uma sensação muito estranha. Fizemos tudo por Tancredo Neves, durante cerca de um mês nos dedicamos integralmente ao Presidente. Ele tinha à sua cabeceira os maiores especialistas, todos os recursos e equipamentos e toda a carga afetiva da equipe, que teve um grande envolvimento emocional com o tratamento. Fomos muito surpreendidos pelos fatos. Tudo foi feito e ele não respondeu a nada, nada deu certo. A sensação que fica é a de que havia, desde o primeiro dia, um caminho traçado que não pudemos mudar”.
É importante frisar que a Espiritualidade já tinha, há oito meses antes da desencarnação de Tancredo, dado uma pista, a qual, por certo, esclarece a causa desse drama vivido pelo Presidente e por todos os brasileiros.
Em 9 de agosto de 1984, o médium Dictino Álvares, em São Paulo, recebeu psicograficamente a seguinte mensagem:
“Estamos compromissados em significativa tarefa neste país que tem a missão histórica de celeiro espiritual do terceiro milênio e os tempos se aproximam”.
“Equipes espirituais de escol canalizam vibrações e as borrifam na mente daqueles que têm a responsabilidade de dirigir esta terra predestinada”.
“Elo de fraternidade emana do mais alto, impulsionando um inconfidente à pátria do Evangelho”.
“Sentimos que os irmãos desejariam que fôssemos mais objetivos, mas todas as coisas têm uma razão de ser e nem tudo nos é permitido revelar”.
Humberto de Campos (Irmão X) conta no livro "BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO", através da psicografia de Chico Xavier que Tiradentes foi um inquisidor em sua encarnação anterior:

Instantes antes do enforcamento, a falange de Ismael (Espírito escolhido por Jesus para auxiliar no progresso e desenvolvimento do Brasil) cercaram a alma leal e forte de Tiradentes, inundando-a de santas consolações (...) no momento que seu corpo balança, pendente das traves do cadafalso, no Campo da Lampadosa, Ismael recebia em seus braços carinhosos e fraternais a alma edificada do mártir. Ismael exclamou:

“ Irmão querido, resgatas hoje os delitos cruéis que cometestes quando te ocupavas do nefando mister de inquisidor, nos tempos passados. Redimiste o pretérito obscuro e criminoso, com as lágrimas do teu sacrifício em favor da Pátria do Evangelho de Jesus. Passarás a ser um símbolo para a posteridade, com o teu heroísmo resignado nos sofrimentos purificadores. Qual novo gênio surges, para espargir bênçãos sobre a terra do Cruzeiro, em todos os séculos do seu futuro. Regozija-te no Senhor pelo desfecho dos teus sonhos de liberdade, porque cada um será justiçado de acordo com as suas obras. Se o Brasil se aproxima da sua maioridade como nação, ao influxo do amor divino, será o próprio Portugal quem virá trazer, até ele, todos os elementos da sua emancipação política(...)”

Daí a alguns anos era o próprio Portugal que vinha trazer, com D. João VI, a independência do Brasil (...)."

Autor: Livro “Brasil, coração do mundo pátria do evangelho”; “O Mensageiro” e “O Livro dos Espíritos”.

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