Como a ciência explica o pessimismo?
Muitos de nós nos
consideramos ou pessimistas ou otimistas. Mas será que a ciência é capaz de
explicar por que nos sentimos assim - e se podemos mudar?
Vejamos o exemplo das
gêmeas idênticas Debbie e Trudi: elas têm muito em comum, salvo pelo fato de
Trudi ser animada e otimista, enquanto Debbie passa por momentos de profunda
depressão.
Ao estudar um grupo de
gêmeos idênticos como Debbie e Trudi, o professor Tim Spector, do Hospital St
Thomas, em Londres, tenta responder questões fundamentais sobre a formação de
nossa personalidade. Por que algumas pessoas são mais positivas do que outras a
respeito da vida?
Fator
genético
Spector identificou
alguns genes em funcionamento em um dos gêmeos e não no outro.
Estudos com gêmeos
indicam que, quando se trata de personalidade, cerca de metade das diferenças
entre as pessoas são decorrentes de fatores genéticos. Mas Spector ressalta
que, ao longo de nossas vidas - e em resposta a fatores ambientais -, nossos
genes estão constantemente sendo ajustados, em um processo conhecido como
epigenética.
Em casos como o de Debbie
e Trudi, os cientistas encontraram diferenças em apenas cinco genes no
hipocampo. É isso, acreditam eles, que desencadeou a depressão em Debbie. Spector, que se descreve como otimista, espera
que sua pesquisa ajude a melhorar os tratamentos disponíveis para depressão e
ansiedade.
'Costumávamos dizer que não podíamos mudar nossos
genes', diz ele. 'Agora sabemos que existem esses pequenos mecanismos para
'ligá-los' ou 'desligá-los'.'
Ainda mais surpreendente
é a pesquisa que identificou mudanças na atividade genética causadas pela
presença ou ausência do amor materno.
O professor Michael
Meaney, da Universidade McGill (Canadá), está pesquisando maneiras de medir a
ativação dos receptores de glicocorticóides nos nossos cérebros. Isso porque o
número desses receptores é um indicativo da habilidade de cada um em suportar o
estresse.
E também é uma medida de
o quanto fomos cuidados por nossas mães durante a infância - ao refletir o quão
ansiosas e estressadas eram as nossas mães e o impacto disso na quantidade de afeto
que recebemos quando pequenos.
'Estado
mental afetivo'
Elaine Fox, da
Universidade de Essex, na Grã-Bretanha, é outra pesquisadora interessada em
como o nosso 'estado mental afetivo' - a maneira como vemos o mundo - nos
molda.
Além de usar questionários,
ela e sua equipe investigam padrões específicos na atividade cerebral. Sua
pesquisa indica, por exemplo, que uma pessoa com mais atividade elétrica na
parte frontal direita do córtex (em relação à esquerda) tem mais tendência ao
pessimismo e à ansiedade. Outros testes adicionais ajudam a confirmar ou não
essa percepção.
Pessoas pessimistas,
constantemente à espera de coisas que podem dar errado, costumam ter mais
estresse e ansiedade. E isso é mais do que um estado de espírito - é algo
fortemente ligado à nossa saúde.
Em um estudo iniciado em
1975, cientistas pediram que mais de mil pessoas na cidade de Oxford, Ohio
(EUA), preenchessem um questionário sobre empregos, saúde, família e
perspectivas para a velhice.
Décadas depois, Becca Levy, cientista da
Universidade Yale, monitorou os entrevistados. Ao observar as certidões de
óbito ela notou que as pessoas mais otimistas quanto à velhice haviam vivido,
em média, sete anos e meio a mais do que os pessimistas.
A impressionante descoberta levou em conta outras
explicações possíveis, como o fato de pessoas mais pessimistas possivelmente
terem sido influenciadas por doenças prévias ou depressão.
Fonte: http://g1.globo.com
Autor: Michael
Mosley
13/07/2013 08h45 -
Atualizado em 13/07/2013
13h36
Por: Laura Lins
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