O Culto dos Mortos
Este culto
aos mortos num dia determinado, com a visita aos cemitérios e oferendas remonta
aos tempos antigos e tem a sua origem nos cultos pagãos de adoração aos Deuses.
Com a
ascensão da Igreja Católica, na época Romana, à categoria de religião oficial,
no reinado de Constantino Magno no ano de 321, houve que fazer cedências e
assimilar a cultura latina e a de outros povos que praticavam rituais e
procediam a festivais nos cemitérios, em homenagem aos antepassados.
Dessa
assimilação surgiram as próprias concepções de Céu, Inferno e Purgatório na
religião dos cristãos que, para além de crer na ressureição dos corpos no dia
do juízo final, passaram a cultivar o hábito de orar aos seus mártires,
visitando-os nos cemitérios.
A partir do
século XIII, a Igreja instituiu o dia 2 de Novembro como o Dia de
Finados.
Um pouco por
todo o lado este culto é praticado, apenas variando nas datas: na China
comemora-se o Festival do Fantasma Faminto durante o Outono; no Japão o
Festival das Lanternas (Obon) acontece entre 13 e16 de Julho; mesmo o termo
Halloween parece ser uma corrupção do termo católico “Dia de Todos os Santos”,
praticado nos festivais dos antigos povos celtas na Irlanda, cujo Verão terminava
a 31 de Outubro.
Mais tarde,
este costume foi transferido para os Estados Unidos, através da imigração
Irlandesa.
No
Espiritismo não há um dia especifico para recordar e homenagear os entes
queridos, pois todos os dias do ano são bons para o fazermos e eles, que
continuam vivos, embora noutra dimensão, agradecem as nossas lembranças
sinceras, qualquer que seja o local onde elas se dêem.
Se estiverem
felizes, regozijar-se-ão com o amor que lhes dedicamos e com a saudade que
sentimos; se ainda se encontrarem algo perturbados (por desencarne recente ou
violento, por exemplo), mais reconhecidos ficarão, pois a nossa prece lhes
levará consolo e alívio, abrindo janelas luminosas para o auxílio que se lhes
faz necessário.
Pouco se
importarão se os visitamos ou não nos cemitérios, pois sabem que aí apenas se
encontram os despojos carnais que lhes serviram para mais uma etapa de evolução
e que, causa de sofrimento nos derradeiros tempos, abandonaram com alegria. Se
lá comparecem é para mais um reencontro com os que ainda se encontram
na terra e que mantêm o culto das sepulturas.
Conto-vos uma
situação concreta que acompanhei de muito perto, ocorrida há 20 anos.
Tendo
desencarnado havia pouco mais de um ano, o marido duma pessoa minha conhecida,
manifestou-se mediunicamente, dando todas as informações que lhe foram
solicitadas para a sua correcta identificação. Quando a esposa lhe perguntou se
precisava de alguma coisa, todos ouvimos surpreendidos o pedido que lhe foi
endereçado, com algum humor, característico da sua personalidade, enquanto na
terra.
Pediu a
entidade encarecidamente à esposa que deixasse de ir ao cemitério todos os
dias, informando que ele já lá não estava, porque não era o seu lugar
preferido. E que ainda por cima a esposa o “obrigava” a acompanhá-la
diariamente, porque ele tinha receio de que a assaltassem pelo caminho.
A esposa
vivia na Costa da Caparica e o cemitério distava alguns quilómetros da vila;
ela percorria o caminho a pé e este não é de facto muito seguro. Quem conhece a
zona, sabe do que falo.
Como se vê, a
nossa visão facilmente se altera, quando aportamos ao mundo espiritual e
percebemos que afinal não estamos mortos, mas mais vivos do que
nunca com o Futuro imenso pela frente e oportunidades infinitas de reparação de
nossos erros passados; abandonamos crenças ilusórias e passamos a valorizar
todas as boas ações que praticámos, nesta ou em vidas passadas, de esperanças
renovadas.
Se queremos
homenagear os nossos “mortos”, recordemo-los nos momentos bons e troquemos uma
ida ao cemitério, ou mais uma missa, por uma ação caridosa em seu nome e
isso lhes será mais útil e recebido como uma prova do amor que lhes continuamos
a dedicar. Até um novo reencontro, pleno de alegria.
Vejamos o que
nos dizem os Espíritos, através de Kardec:
321. O dia da comemoração dos mortos é, para
os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes ir ao encontro
dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?
“Os
Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus
pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.”
a) - Mas o de finados é, para eles, um dia especial
de reunião junto de suas sepulturas?
“Nesse dia,
em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então também é maior, em tais
lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento.
323. A visita de uma pessoa a um túmulo
causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se
encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?
“Aquele
que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito
ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que
a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é
feita com o coração.”
Fonte: http://ideiaespirita.blogspot.com.br/
"O Livro dos Espíritos"
PARTE 2ª - CAPÍTULO VI
Por: Laura Lins
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